Repassando
As dificuldades na aprendizagem de ler e escrever de crianças podem ser originadas por diversas razões, como por exemplo na relação entre pais dos estudantes e a escola. Na Faculdade de Educação (FE) da USP, uma pesquisa analisou a relação entre os pais e a escola de alunos com problemas no letramento e percebeu a necessidade de haver um profissional nas unidades de ensino que trabalhe as relações entre os estudantes, a escola e os familiares.Para a psicanalista Mariana de Campos Pereira Giorgion, que realizou o estudo, existe, no universo do ensino público um imaginário de que os pais não têm condições de apoiar a educação escolar dos filhos. Esta impressão faz com que se crie uma dinâmica entre familiares e a instituição de ensino que não é saudável para a aprendizagem.Dificuldade no letramento de crianças foi alvo da pesquisa da Faculdade de Educação
A pesquisa estudou o campo relacional de pais de três alunos que apresentaram dificuldades de letramento numa escola estadual na cidade de São Paulo. O acompanhamento das crianças foi feito pelo Grupo de Oralidade e Escrita da FE, entre 2008 e 2010. “A coordenação da escola vê os pais como ausentes e distantes no aprendizado dos filhos”, afirma a pesquisadora. Do outro lado, os familiares também sentem dificuldades de se aproximar do contexto escolar. Entretanto, o fato de a escola não conhecer o histórico escolar ou familiar dos alunos pode prejudicar o letramento. O estudo O contexto do não texto: campos relacionais de pais e escola é a dissertação de mestrado de Mariana e foi orientado pelo professor Claudemir Belintane.
A baixa frequência dos alunos em aulas é um dos principais causadores das dificuldades na aprendizagem de ler e escrever. Como as crianças analisadas têm entre seis e sete anos, a decisão de não ir à aula não é apenas delas: esse problema está intimamente ligado à relação com os pais. É possível, assim, notar um ciclo problemático em que a relação entre os pais e os filhos afeta o desempenho escolar. “A instituição de ensino, por sua vez, não investiga essa relação por conta de uma visão estereotipada que tem dos familiares de seus estudantes”, afirma a psicanalista.
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