sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Lagoa da posse

A posse é para meu pensar uma lagoa absurda - muito grande, muito escura, muito pouco profunda. Parece funda a água porque é falsa de suja.
A morte? Mas a morte esta dentro da vida. Morro totalmente? Não sei da vida. Sobrevivo-me? Continuo a viver.
O sonho? Mas o sonho está dentro da vida. Vivemos o sonho? Vivemos. Sonhamo-lo apenas? Morremos. E a morte está dentro da vida.
Como a nossa sombra a vida persegue-nos. E só não há sombra quando tudo é sombra. A vida só não persegue quando nos entregamos a ela.
O que há de mais doloroso no sonho é não existir. Realmente, não se pode sonhar.
O que é possuir? Nós não o sabemos. Como querer então poder possuir qualquer coisa? Direis que não sabemos o que é a vida, e vivemos...Mas nós vivemos realmente? Viver sem saber o que é a vida será viver?

Fernando Pessoa
Livro do Desassossego

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cultura Corporal

Também escrevo todas as sextas-feiras no Jornal do Estado - www.jornaldoestado.com.br
(Cultura Corporal - caderno de esportes)
As matérias ali escritas sao para atender aos aficionados do esporte. Se lhe agrada o assunto, será um prazer em ter voce como parceiro.

até lá.

Você já sabia.

Lógico que nao vou esquecer de desejar aos poucos leitores desse blog, um natal muito especial e um 2009 cheio de saúde e vida.

Escrevo estas mensagens desde Manaus/AM, por isso as mensagens natalinas sao mais intensas.

Onde o cérebro ouve?

Hemisfério esquerdo: ritmo
Se as relacoes temporais entre os sons sao mais complexas, as áreas pré-motoras e do lobo frontal do hemisfério direito ficam ativos.

Hemisfério direito: tom e melodia
Quando um leigo em música compara tons diferentes, a convolucao dos lobos direito superior temporal e direito posterior frontal é ativada. Os sons sao armazenados para o uso futuro e para a comparacao na memória auditiva de trabalho, na regiao temporal.

domingo, 30 de novembro de 2008

MOVIMENTO

O movimento é biológico, é filosófico, é antropológio, o que é movimento?
A física clássica define-o como o "deslocamento de um corpo no espaço". Para a biologia o movimento é o resultado da atividade de trilhões de células que compõem os organismos vivos, entre os quais sobressai o homem. A filosofia define o movimento como a busca da superação ou da plenitude do "ser" humano. Movimento, sentimento, como separá-los?
Eu sinto com minha mente, movimento-me com meu corpo, e movimento-me com minha mente e sinto com meu corpo, assim não é possível separar essas estruturas e esses processos. Não posso falar do meu corpo para o meu corpo, sem ser o meu corpo.

De: "Pensando a educação motora."

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Semana de Arte na Escola Municipal Barão de Mauá

Sugestões e apoios são bem-vindos num local de estudos que precisa e forma parceiros
contatos: 41-3675-6462

Pobreza e exclusão - compreensão da deficiência

(...) Processos de exclusão social e econômica tendem a ser muito mais violentos e traumáticos do que situações de inclusão limitada. A Argentina, uma sociedade moderna e razoavelmente rica, com o sistema de bem-estar social bem desenvolvido, que foi destruída ao longo dos anos, culminando em um quadro de desemprego generalizado, perda de benefícios sociais e deslocamentos de grandes setores da população para abaixo da linha de opbreza. No caso de países andinos - Bolívia, Peru e Equador - nos quais através dos séculos, a populaçao natuva foi mantida fora dos benefícios da economia moderna.
Onde se situa o Brasil: próximo à Argentina ou aos países andinos? A análise histórica e a evidência empírica sugerem a segunda hipótese. Historicamente, o Brasil se desenvolveu através de um processo denominado "modernização conservadora", cuja característica principal é, precisamente, a não-incorporação de grandes segmentos da população aos setores modernos da economia, da sociedade e do sistema político."

De: SCHWARTZMAN, Simon. As causas da popreza. Rio de Janeiro, 2004.

E isso compreende também a deficiência, a permanente exclusão de uma parcela do Brasil que atinge números assustadores de 14,5% da população. A inclusão escolar é um grande caminho para diminuir esta exclusão.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Rubem Alves, Massa e nossos corpos.

Lendo algumas pérolas do Rubem Alves e acompanhando o vice-campeonato do Felipe Massa, fiquei lembrando dos meus tempos de acadêmico de Educação Física. Não sei por quê, mas dos tempos da Fisioterapia as lembranças são poucas. Pois bem, recordo-me que as nossas avaliações eram quase exclusivamente provas motoras e físicas. Tínhamos de provar aos professores e colegas a nossa capacidade de superação. Ainda bem que, em parte, os atuais currículos mudaram.
Talvez os exageros da imprensa com o Massa tenham sido os responsáveis dessas lembranças. O Brasil todo querendo que o Massa seja um campeão. Por apenas um ponto, nosso atleta merecia o campeonato, comentaram os mais globais. Todos sofreram com esse resultado, da mesma forma que a família do maratonista brasileiro que morreu correndo na última Maratona de Nova York. Uma morte cujas causas desconheço, mas freqüentemente são as mesmas na maioria destes casos.
Marx tinha razão: o capitalismo é uma educação do corpo. Somos ensinados e educados a sermos os vencedores, mesmo que custe a própria vida. Rubem Alves já dizia que nossos corpos foram ensinados a esquecer todos os sentidos eróticos, imbricados no local de um sentido apenas: o sentido de posse. Conclui ele: onde se encontra o departamento dos nossos sentidos eróticos?
E foi assim que percebi, neste último final de semana, com um pouco de inveja e de pena, as perdas que o Massa estava sentindo. Acho que ele nem sabe muito bem os valores do que está acontecendo com seu corpo. Da mesma forma que um atleta não percebe os excessos de esforço que faz para terminar uma prova e mostrar para os seus pares o quanto o seu corpo é desejado. Custei muito para aprender, que não foi nos bancos escolares, lógico, que o corpo precisa ser reconciliado com seu tempo e espaço. Preciso, antes de mais nada, aprender a dormir bem, aproveitar meu ócio, dar ao corpo o prazer do sentido erótico e sensorial.
Quantos atleticanos e paranistas estão deixando de dormir pelo quase rebaixamento de seus clubes? Quantos atletas deixam de dormir bem por causa do nervosismo? Lógico que não estou contra-indicando a prática de esportes, nem mesmo a participação em competições, sejam elas na prática ou mesmo assistindo. Apenas reflito sobre um assunto que nem sempre é discutido na sua plenitude. Os corpos precisam ser “trabalhados”, mexidos e exercitados para o bem-estar, para um fortalecimento do espírito e dos músculos. Nada mais.
Quando se percebe que as respostas a esses esforços contrariam seus ritmos biológicos – insônia, dores musculares, mau humor –, é o momento de refletir sobre os motivos que estão proporcionando esta fuga da essência do homem. Acabamos sempre deixando esse controle e “supervisão” por conta dos especialistas - médicos, treinadores, nutricionistas e tantos outros - e acabamos esquecendo que ninguém conhece melhor os nossos corpos que nós mesmos.
Dicas de alguns procedimentos não atrapalham ninguém, mas a resposta final é de responsabilidade de cada um de nós. Com essa busca meditativa, podemos chegar mais próximos do que alguns consideram como o Nirvana. Outros já chamam de paz espiritual. Para a maioria, ela é conhecida como “estar bem consigo mesmo”. Acho que esse é o caminho.


Matéria publicada no Jornal do Estado dia 07/11/2008

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Você sabe o que é um ponto cego?

Edme Mariotte (1620-1684) foi o descobrior do ponto cego. Trata-se de uma área do campo visual onde nosso sentido mais desenvolvido "falha" na hora de captar a imagem à sua frente. Parecia algo tão interessante, que o francês fez até uma demonstração para o rei Luis XIV. Mariotte não imaginava que o ponto cego reflete a posição do nervo óptico na retina. Toda a retina é sensível aos estímulos luminosos, que são enviados ao cérebro através do nervo óptico. Mas as fibras que formam esse nervo se reúnem e emergem, rumo às profundezas do sistema nervoso, de um ponto único da retina cuja peculiaridade é não ter receptores fotossensíveis e que, portanto, é "cego".

Revista Mente e Cérebro, n. 189, 2008

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Obras importantes

A primeira obra impressa sobre a educação de deficientes teve autoria de Jean-Paul Bonet e foi editada na França em 1620 com o título "Redação das Letras e Arte de Ensinar os mudos a falar". Constatou-se, também, que a primeira instituição especializada para a educação de "surdos-mudos" foi fundada pelo abade Charles M. Eppée em 1770, em PAris. O abade Eppée inventou o método dos sinais, destinado a completar o alfabeto manual, bem como a designar muitos objetos que não podem ser percebidos pelos sentidos. Sua obra escrita mais importante foi publicada em 1776 com o título "A verdadeira maneira de instruir os Surdos-Mudos". (...)

Saiba mais: Educação Especial no Brasil. de Marcos J.S. Mazzotta

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O poder oculto do olfato

Na revista Mente e Cérebro deste mês uma das matérias que despertam interesse para os aficionados por sensibilidade e sentidos é a matéria que descreve como funciona o nosso olfato.
Entre outras coisas, a matéria descreve o funcionamento deste sentido.
"Os seres humanos, têm um aparelho olfativo incrivelmente sofisticado. Quando as pessoas cheiram, correntes de ar infundidas com compostos químicos criam um turbilhão no nariz, passando sobre as cerca de 12 milhões de células detectoras de odor". Que tal, parece pouco o que podemos fazer com o nosso nariz? E o que falar das pessoas que nos contaminam com seus cheiros e somos obrigados a lembrá-los por muitos anos, quando não muito, pela vida toda. Isso nós chamamos de sincinesia, quando cheiramos algo e lembramos de uma pessoa, de uma música ou mesmo uma cor. "Cada uma das células receptoras porta uma das 350 proteínas que são receptores olfativos especializados em um número limitado de moléculas odorantes. Essas proteínas operam em diferentes combinações, que permitem às pessoas identificar pelo menos 10 mil odores." Não cheiramos como um cachorro mas, estamos preparados para muitas surpresas com os odores da vida. Basta um pouquinho de atenção e descobrimos que podemos nos reconhecer e reconhecer outras pessoas, apenas pelo cheiro.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Carta sobre cegos para o uso dos que vêem

... nosso cego julga muito bem quanto as simetrias. A simetria, que é talvez um problema de pura convenção entre nós, é certamente assim, em muitos aspectos, entre um cego e os que vêem. À força de estudar pelo tato a disposição que exigimos entre as partes componentes de um todo, para chamá-lo belo, um cego consegue efetuar justa aplicação do termo. Mas quando diz: isto é elo, ele não julga, refere somente o julgamento dos que vêem: e que outra coisa fazem três quartos daqueles que decidem de uma peça de teatro, após ouvi-la, ou de uma livro, após lê-lo? A beleza, para um cego, não é senão uma palavra, quando separada da utilidade, e com um órgão a menos, quanta coisa há cuja utilidade lhe escapa! Os cegos não são realmente dignos de lástima por não considerarem belo senão o que é bom? Quanta coisa admirável perdida para eles! O único bem que os ressarce de semelhante perda é o de ter idéias do belo, na verdade menos extensas, porém mais nítidas que filosóficas clarividentes que dele trataram mui extensamente...

Trecho do Livro de Diderot, para os estudiosos da área, um livro imperdível.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O "pensamento pedagógico" de Jung e suas implicações para a educação.

A vida sempre se me afigurou uma planta que extrai sua vitalidade do rizoma: a vida propriamente dita não é visível, pois jaz no rizoma. O que se torna visível sobre a terra dura um só verão, depois fenece...Aparição efêmera. Quando se pensa no futuro e no desaparecimento infinito da vida e da culturas, não podemos nos furtar a uma impressão de total futilidade; mas nunca perdi o sentimento da perenidade da vida sob a eterna mudança. O que vemos é a floração - e ela desaparece. Mas o rizoma persiste.

Carl Gustav Jung. Memórias, sonhos e Reflexões

...JUNG CONTRIBUIU COM A EDUCAÇÃO AO ATRIBUIR VALOR AOS PROCESSOS DE SIMBOLIZAÇÃO

...ARQUÉTIPO: Conceito-chave para a tipologia do comportamento humano

...RAZÃO E IMAGINAÇÃO SÃO PARTES INSEPARÁVEIS DE UM TODO COMPLEXO EM TENSÃO PERMANENTE

...A PERSONALIDADE DO PROFESSOR É UM ELEMENTO ESSENCIAL NO PROCESSO EDUCATIVO

...A ESCOLA TEM PAPEL PRIMORDIAL NO PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO DA CRIANÇA

...A PROCESSO DE CRESCENTE "RACIONALIZAÇÃO PRÁTICA" ACARRETA O "DECUIDO DA ALMA"

Saiba mais: Revista Educação 8. Jung pensa a educação

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Imprensa canalha



“O patriotismo é o último refúgio dos canalhas.”
O tom é de Nelson Rodrigues, mas o autor da frase é Samuel Johnson, pensador inglês do século XVIII.
A frase se aplica perfeitamente ao contexto do papelão do Brasil na Olimpíada e ao triste papel desempenhado por parte de nossa imprensa, notadamente a sagaz Rede Globo.
As emissoras, revistas, jornais e sites venderam hectares de espaço a anunciantes de todos os tipos e tamanhos, o que permitiu que centenas, talvez milhares de jornalistas e equipes técnicas fossem enviados à China. Natural – principalmente as TVs – que, para garantirem público, berrassem dia e noite a participação brasileira, como se nossos atletas fossem todos top de seus esportes, nossos cartolas fossem geniais e o lépido Carlos Arthur Nuzmann, nosso Napoleão a comandar a invasão do Império do Meio e o carregamento de toneladas de ouro destinadas a nossa gentil taba tupi.
Foi – está sendo – insuportável tentar ouvir as transmissões da Globo, nas quais pontifica o puxa-saco-mor da República, Galvão Bueno, a vomitar uma bobagem atrás da outra. Ele e a maioria dos deslumbrados jornalistas em Pequim são nada éticos no exercício profissional, não passam de patriotas de arquibancada, que cantam nossas virtudes, prometem o que os atletas não podem cumprir e depois, “decepcionados”, dizem que valeu o esforço, afinal nossos “meninos e meninas” são uns heróis, nem têm o que comer, andam de ônibus.
Verdade em parte, como no caso do judoca Eduardo, que não tinha grana nem pra pagar o exame de faixa preta (que é bem caro, diga-se). Mas a grande maioria integra uma elite com o qual nem sonham os atletas que aqui ralam. Os heróis treinam no exterior, vivem bem, são preparados. Ou alguém acha que Cielo treina na piscina da União Desportiva e Recreativa de Santa Bárbara D´Oeste? Nem se fale aqui do pessoal do futebol, pois todos os que foram à China, mesmo os mais novinhos, são, antes de qualquer coisa, homens ricos. Em dinheiro, não em espírito, por óbvio.
Nossa imprensa nessa Olimpíada tem sido tão canalha que é até capaz de secar nossas últimas chances de medalha - na vela, no vôlei, no atletismo, o sonhado ouro no futebol feminino, defendido nesta quinta-feira com graça e vigor por mulheres que, sim, são heroínas em tudo e por tudo.
Nesta sexta, obviamente, já sabemos o resultado da final. Mas sabemos, sobretudo, que aquelas mulheres não correram por patriotismo, pois a pátria de chuteiras as mantém abandonadas desde sempre. Correram em nome do esporte que praticam com tanta arte e valentia, correram por elas e pela cicatriz prateada da Olimpíada de Atenas, correram por nós que as amamos sejam quais forem seus resultados mundo afora.
Nós, aqui, aplaudimos Marta, Phelps, Bout, Shawn, Fabiana Murer e a russa de nome estranho que promete chegar ao céu. Nós aplaudimos Scheidt e os chineses da ginástica, Maurren e os cubanos do boxe, Rodrigo e todos os ciclistas. E assim por diante.
Que fique o patriotismo por conta de Galvão e seus sequazes.
Em tempo: nossa goleira está desempregada.
--
Jorge Eduardo França Mosquera, jornalista em Curitiba.


quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Vanessa Lima, uma miss deficiente auditiva


Os princípios psicológicos da brincadeira pré-escolar

Que tipo de atividade é caracterizado por uma estrutura tal que o motivo está no próprio processo? Ela nada mais é que a atividade comumente chamada "brincadeira".
Nós já encontramos atividades lúdicas em certos animais superiores, mas o brinquedo infantil, mesmo em uma idade precoce, não se parece com o dos animais. No que consiste a diferença específica entre a atividade lúdica dos animais e o brinquedo infantil, cujas formas rudimentares nós observamos pela primeira vez na criança, no período pré-escolar? Esta diferença reside no fato de que a brincadeira da criança não é instintiva, mas precisamente humana, atividade objetiva, que, por constituir a base da percepção que a criança tem do mundo dos objetos humanos, determina o conteúdo de suas brincadeiras. É isso também que, em primeiro lugar, distingue a atividade lúdica da criança da dos animais.
No período pré-escolar da vida de uma criança, o desenvolvimento das brincadeiras é um processo secundário, redundante e dependente, enquanto a moldagem da atividade-fim que não é uma brincadeira constitui a linha principal do desenvolvimento. Durante o desenvolvimento ulterior, todavia, e precisamente na transição para o estágio relacionado com o período pré-escolar da infância, a relação entre a brincadeira e as atividades que satisfazem os motivos não-lúdicos torna-se diferente-eles trocam de lugar, por assim dizer. O brinquedo torna-se agora o tipo principal de atividade.
Alexis N. Leontiev. In: Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem - L. Vigostskii

domingo, 10 de agosto de 2008

QUEM FOI FREINET ?

Célestin Freinet nasceu em 15 de outubro de 1896, no sul da França, num vilarejo chamado Gars, situado nos Alpes Marítimos. Passou a infância como pastor de rebanhos, na Provença. Estudou na escola normal de Nice. Com o início da guerra, em 1914, Freinet interrompeu seus estudos. Alistou-se e, ao participar dos combates, sofreu as ações de gases tóxicos, que comprometeram seus pulmões. Mesmo passando anos de hospital em hospital com poucas esperanças de cura, ele não se deixou levar pelo pessimismo e pelo desânimo. Freinet realmente não se abateu. Decidido, sabia o que seria: professor primário, trabalharia muito, viveria e deixaria para trás a solidão e o desespero que a sua saúde abalada poderia trazer.
Em 1920, na pequena aldeia de Bar-sur-Loup, Freinet iniciou seu trabalho, numa escola instalada numa casa antiga, pobre e escura, que tinha as carteiras em muito mau estado, dispostas em filas, à maneira tradicional.
Faltava a Freinet a experiência pedagógica, pois não havia terminado o curso normal por causa da guerra. Todavia, trazia consigo um profundo respeito pela criança e também o instinto de pastor que provinha de sua infância. Recomeçou então a estudar sozinho. Diariamente anotava aquilo que ouvia de seus alunos, registrava as observações que considerava originais, o comportamento de cada criança perante as novas situações, seus sucessos e fracassos...Com isso foi descobrindo os interesses, os problemas e a personalidade de cada criança, individualmente, a qual passava a ser objeto de seu carinho e preocupação. Essas descobertas, essencialmente práticas, avivaram a sua curiosidade e seu desejo de saber mais sobre educação. Passou a se interessar por Rousseau, Rabelais, Montaigne e, sobretudo, por Pestalozzi, lendo as obras desses autores com vivo interesse. Assim, pôde prestar o exame que o habilitou a exercer a função de professor.
ROSA MARIA WHITAKER E FERREIRA SAMPAIO
FREINET - Evolução histórica e atualidades
Editora Scipione

segunda-feira, 28 de julho de 2008

INCLUSÃO - Revista da Educação Especial

Denise Fleith, última edição.

"No caso dos alunos com altas habilidades/superdotados, apesar dos avanços na área, observamos um desconhecimento por parte da sociedade acerca de quem é este indivíduo. Muitos mitos sobre o superdotado ainda povoam a mente de professores, pais, getores e outros. Os educadores e os leigos em geral, acreditam que a superdotação é uma característica exclusivamente inata e, por isso, o superdotado teria recursos para desenvolver por si só suas habilidades, sem necessidade de estimulação ou de um ambiente promotor de seu potencial. Acretidata-se que o aluno com altas habilidades vai se sair bem independentemente do contexto educacional em que esteja inserido. Assim, muitos passam despercebidos por seus professores. O aluno com altas habilidades/superdotação é ainda muito negligenciado em sala de aula. Este aluno já está matriculado no ensino regular, mas suas necessidades nem sempre são atendidas, o que pode provocar desinteresse e baixa motivação pelas atividades escolares, além de um desempenho aquém do seu potencial. Neste sentido, foi muito importante a criação dos Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAHS) implantados pelo SEESP/MEC, a partir de 2005, em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, pois passou a dar maior visibilidade a esses alunos. Também relevante doi a publicação, em 2007, da coletânea de quatro volumes, intitulada "A Construção de Práticas Educacionais para Alunos com Altas Habilidades/Superdotação", da Secretaria de Educação Especial, disponível do portal do Ministério da Educação."

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Anatomia do olho por Leonardo da Vinci

O estudo de percepção visual de Leonardo foi um programa extraordinário de investigação científica, combinando óptica, anatomia do olho e neurociência. Ele explorou esses campos sem quaisquer inibições, aplicando a eles o mesmo método empírico meticuloso que usou para explorar tudo o mais na natureza, nunca temendo que algum fenômeno pudesse estar além de seu alcance.
Uma das primeiras coisas que Leonardo observou quando estudou a estrutura do olho em detalhe foi sua habilidade para mudar o tamanho da pupila de acordo com sua exposição à luz. Ele viu esse fenômeno pela primeira vez nos quais expôs objetos a quantidades varáveis de luz. "A pupila do olho", concluiu, "muda para tantos tamanhos diferentes quanto há diferenças nos graus de brilho e escuridão dos objetos que se apresentam à sua frente (...). A natureza equipou a faculdade visual, quando irritada por luz excessiva, com a contração da pupila(...), e aqui a natureza funciona como alguém que, tendo luz demais em sua casa, fecha metade da janela, mais ou mnos de acordo com a necessidade. "E então acrescentou:"Pode-se observar isso em animais noctivagos tais como gatos, corujas e outros, que têm a pupila pequena ao meio dia e muito grande à noite".

"A ciência de Leonardo da Vinci" de Fritjof Capra
Cultrix/Amana-Key

Criança que nasceu com duas cabeças


segunda-feira, 30 de junho de 2008

Behaviorismo e educação

Um artigo muito influente, publicado por John B. Watson em 1913, descreve suas crenças:
(...) todas as escolas de psicologia, exceto a do behaviorismo, afirmam que a "consciência" constitui assunto da psicologia. O behaviorismo, ao contrário, sustenta que o assunto da psicologia humana é o comportamento ou as atividades do ser humano. O behaviorismo assevera que a "consciência" não é um conceito definível, nem utilizável; trata-se simplesmente de outra palavra para o termo "alma", usado em tempos mais antigos. Desse modo, a antiga psicologia é dominada por um tipo sutil de filosofia religiosa.

..." recorrendo à tradição empírica, os behavioristas conceituaram a aprendizagem como o processo de estabelecer conexões entre os estímulos e as reações. Consideravam que a motivação para aprender era desencadeada principalmente por impulsos, como a fome, e pela presença de certas forças externas, como recompensas e castigos.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Imagem de uma cela braille


Sistema Braille

O sistema de escrita em relevo conhecido pelo nome de "Braille" é cosntituído por 63 sinais formados por pontos a partir do conjunto matricial .. (123456). Este conjunto de 6 pontos chama-se, por isso, sinal fundamental.
O espaço por ele ocupado, ou por qualquer outro sinal, denomina-se cela braille ou célula braille e, quando vazio, é também considerado por alguns especialistas como um sinal, passando assim o Sistema a ser composto com 64 sinais (Grafia Braille para a língua portuguesa).
Este sistema de escrita e leitura é a grande dificuldade e barreira que os professores da escola regular enfrentam para atender os alunos com limitações visuais (cegos). O "susto" é grande quando se defronta com esta clientela. A pegunta sempre é mesma. "O que devo fazer". Antes de mais nada a idéia inicial, quando estamos preocupados com a inclusão é o "pré-braille", preparar o aluno para iniciar o braille propriamente. Costuma-se indicar: trabalho com massinhas, recorte de papel, uso de instrumentos musicais, atividades psicomotoras, amarrar cordão de tênis, ou seja, coordenação motora fina. Este é o início de qualquer trabalho em braille.

terça-feira, 17 de junho de 2008

O que é a Síndrome de Asperger

É um transtorno do desenvolvimento cerebral muito frequente (de 3 a 7 por 1000 crianças de 7 a 16 anos), e que tem uma maior incidência em meninos que em meninas.
Foi recentemente reconhecido pela comunidade científica (Manual Estatístico de Diagnóstico de Transtornos Mentais em sua quarta edição em 1994 da Associação Psiquiátrica Americana - DSM-4: Diagnostic and Statistical Manual), sendo que ainda é pouco conhecida na sociedade e inclusive por muitos profissionais da área.
A pessoa que apresenta estas características, tem um aspecto normal, capacidade normal de inteligência e, outras habilidades especiais. Assim mesmo apresenta problemas de relacionamentos com os demais e em ocasiões diversas apresentam comportamentos inadequados.
A pessoa Asperger apresenta um pensar distinto. Seu pensar é lógico, concreto e hiperrealista. Sua incapacidade não é muito fácil reconhecer, só se manisfesta em alguns comportamentos sociais inadequados, limitando relações particulares e com seus familiares.

Federación Asperger España

domingo, 8 de junho de 2008

Teorias de Aprendizagem

TEORIA DE INCLUSÃO (D. AUSUBEL)

O fator mais importante de aprendizagem é o que o aluno já sabe. Para ocorrer a aprendizagem, conceitos relevantes e inclusivos devem estar claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo. A aprendizagem ocorre quando uma nova informação ancora-se em conceitos ou proposições relevantes preexistentes.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Moacyr Scliar

Mais uma do mestre Moacyr: "de médico, de poeta e de louco, todos nós temos um pouco, diz o antigo provérbio. O que têm de comum essas três condições ou categorias? Falam-nos de entidades misteriosas, enigmáticas: a doença, a arte poética, a loucura. Medicina, como poesia, é arte, além de ciência. E loucura é um antigo desafio para a medicina. Tudo isso nos sugere um nexo entre terapia, literatura e doença".

Talvez por isso eu me esforce tanto para escrever...

Não deixe de ler

"UMA MENINA ESTRANHA", autobiografia de uma autista. Biografia da autista mais conhecida no mundo; TEMPLE GRANDIN. Cia das Letras.
Esta é uma referência para quem trabalha com deficientes ou para quem quer conhecer mais uma história de superação.

Minorias linguísticas

Minorias linguísticas são grupos que usam uma lingua, quer entre os membros do grupo, quer em público, que se diferencia daquela utilizada pela maioria, em como da adotada oficialmente pelo Estado. Em princípio, são numericamente inferiores ao resto da população, ocupam uma posição de não dominânica e são vítimas de discriminação. (MAIA, 2007)

Você conhece alguém que usa uma lingua das minorias? Você já se perguntou por que existem minorias? Quem são eles?

segunda-feira, 19 de maio de 2008

SAVANT

O termo idiot savant (idiota sábio) foi proposto em 1887 pelo médico londrino Langdon Down para referir-se a crianças com retardo mental profundo que possuíam "faculdades" especiais e às vezes impressionantes. Entre estas faculdades estavam uma habilidade excepcional para cálculos ou desenhos, aptidões mecânicas e, sobretudo, a capacidade de lembrar, tocar e por vezes compor música. O caso do Cego Tom, um escravo americano que desde bem pequeno mostrou possuir prodigiosa habilidade musical, atraiu a atenção do mundo nos anos 1860. Darold Treffert, em seu notável livro sobre o savantismo, "Extraordinary people" (pessoas extraordinárias), observou que mais de um terço dos savants musicais são cegos ou têm visão muito deficiente.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Educação Formal de Surdos

No século XVI, o monge espanhol beneditino Pedro Ponce de León (1520-1584), reconhecido oficialmente como o primeiro professor de Surdos da história, ensinou nobres Surdos a ler, escrever e contar, com apoio de gestos utilizados em alguns mosteiros, como resultado da regra de silêncio ali imposta. Utiliza-se também do alfabeto dactilológico (soletração manual), para a aprendizagem da palavra falada.
Já a primeira alusão à experiência do ensino da fala para Surdos encontra-se no famoso tratado Reducción de las letras y arte para enseñar a hablar a los mudos, de 1620, de Juan Pablo Bonet.

Sueli Fernandes

domingo, 11 de maio de 2008

Palavras que curam

De médicos, de poeta e de louco, todos nós temos um pouco, diz um antigo provérbio. O que têm de comum essas três condições ou categorias? Falam-nos de entidades misteriosas, enigmáticas: a doença, a arte poética, a loucura. Medicina, como poesia, é arte, além de ciência. Poesia, como loucura, transcende a realidade. E loucura é um antigo desafio para a medicina. Tudo isso nos sugere um nexo entre terapia, literatura e doença.

Moacyr Scliar

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O que são jogos simbólicos

Piaget, Vygotsky e Waloon, para citar apenas os mais conhecidos, enfatizam o valor do jogo simbólico no desenvolvimento infantil, ou seja, no crescimento. Simbólico porque a criança brinca e se brinca atribui novos sentidos a objetos cotidianos, imitando a vida. É conhecido como "faz-de-conta" e demarca o fato de que as crianças diferenciam realidade de fantasia para experimentar outras possibilidades, pelo menos no imaginário. O interessante no simbolismo são as trocas de papéis, a brincadeira do "médico" da "modelo" e do "atirador". Tudo isso ajuda a criança a compreender melhor o seu meio e se ajustar a novas realidades.
Faço aqui uma observação, como já escrevi em outro momento: no autismo, o simbolismo é inexistente, esta área deve ser investigada quando há suspeita da criança apresentar pautas de autismo. Entre os 18 e 36 meses de vida, se a criança tiver dificuldades de simbolizar, isso é um sinal perigoso.

Jogos simbólicos


segunda-feira, 21 de abril de 2008

ESTEREOTIPIAS

TURNER(1997), define estereotipias como condutas que são repetidas de forma inflexíveis e invariáveis. Para melhor compreensão começo a comentar o que é essa inflexibilidade: parece na literatura como uma das doze dimensões do INVENTÁRIO DO ESPECTRO AUTISTA ( IDEA), desenhado por Ángel Riviere (1997). A inflexibildade pode ser de dois tipos: inflexibilidade comportamental e inflexibildade mental. No primeiro caso ainda podemos separar em padrões de conduta de ciclo curto- uma ação repetida ou uma estereotipia - e padrões de conduta de ciclo largo - aqui nos referimos a rituais. Podemos ainda separar a estereotipias quando o indivíduo está só, aí podemos chamar de auto-estimulação.
Para Barbara Peo Early (1995) as estereotipias são condutas persistentes e repetitivas que aparentemente não servem para nada real.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Para uma definição portuguesa de dificuldades de aprendizagem específicas

..."sabe-se, hoje em dia, que há um grupo de alunos cujas desordens neurológicas interferem com a recepção, integração ou expressão de informação, refletindo-se, estas desordens, numa discapacidade ou impedimento para a aprendizagem da leitura, da escrita ou do cálculo, ou para a aquisição de aptidões sociais, que ao não ser abrangido pelos serviços e apoios da educação especial, sente um prolongado insucesso acadêmico e, até, social que o leva, na maioria dos casos, ao abandono escolar. Estes alunos designam-se, geralmente, por alunos com dificuldades de aprendizagem específicas (DAE). No entanto, e, Portugal, este não parece ser o caso. O Ministério da Educação ao não considerar as DAE como uma área da NEE com direitos a serviços de educação especial, está a limitar o acesso dos alunos que apresentam DAE a programas educativos eficazes e, por conseguinte, a limitar-lhes a capacidade de aprenderem de acordo com as suas características e necessidades."

Luís de Miranda Correia
Revista Brasileira de Educação Especial, n.2 v. 13, 2007

sexta-feira, 28 de março de 2008

Abordagens terapêuticas no autismo

> A mais utilizada é conhecida como ANÁLISE APLICADA DO COMPORTAMENTO (Applied Behavior Analysis- ABA). O procedimento terapêutico é orientado individualmente, de situações complexas e terminando em realizões simples.
> Outro método muito conhecido e muito utilizado é o MINDREADING, uma terapia com enfoque similar a anterior (desestruturação de questões complexas em unidades mais simples)
> O procedimento utilizado e com provas suficientes para ser empregado em vários centros é a TECNOLOGIA DA REALIDADE VIRTUAL (VRT), uma técnica centrada no meio ambiente virtual para ajudar nas habilidades sociais, desenvolvida pela dra. Sarah Parsons.
> O método mais conhecido no Brasil, para se trabalhar com autistas é o TEACCH (Treatment and education of autistic and related communication handicape children); entre outros objetivos propõe: uma visão interacionista, individualização do tratamento, estruturas ambientais específicas para acolher o autista.
> Pouco conhecido, mas importante como os demais: método com fundamentação nos transtornos metabólicos, que investiga a alteração de alguns alimentos nutricionais.

* Em breve divulgo a Revista Científica que publica o artigo que complementa este assunto escrito por mim.

sábado, 22 de março de 2008

Um pouco de Fernando Pessoa

"Assim organizar a nossa vida que ela seja para os outros um mistério, quem quem melhor nos conheça, apenas nos desconheça de mais perto que os outros. Eu assim talhei a minha vida, quase que sem pensar nisso, mas tanta arte instintiva pus em fazê-lo que para mim próprio me tornei uma não de todo clara e nítida individualidade minha."

Livro do Desassossego

segunda-feira, 17 de março de 2008

Transtorno bipolar

A Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, filiada à International Society for Bipolar Disorder (ISBD), estima que no Brasil podem existir até 15 milhões de pessoas com o problema, de forma mais ou menos pronunciada. Segundo os especialistas, com medicação e acompanhamento psicoterápico, o TB pode ter sintomas controlados e informações ajudam a salvar vidas. Para saber mais: www.abtb.org.br. Saiu um filme em DVD, recentemente que, retrata a vida de um esportista com o TB, chama-se UM ESCOCÊS VOADOR. Pra quem gosta de esporte e quer entender um pouco mais do TB é um prato cheio.

terça-feira, 11 de março de 2008

Oliver Sacks explica

"Nietzsche, em seu ensaio Nietzsche contra Wagner, afirma que a música da última fase de Wagner exemplifica o "patológico da música", marcado por "uma degeneração de senso de ritmo" e uma tendência a "interminável melodia [...] o pólipo na música". A carência de organização rítmica na fase final de Wagner torna-a quase inútil para os parkinsonianos; isso também se aplica à música predominantemente monofônica como o canto gregoriano e as várias formas de cântico que, como salientam Jackendorff e Lerdahl, "possuem organização e agrupamento de tons, mas não uma organização métrica significativa".

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Síndrome de Williams

O nome desta síndrome vem do médico cardiologista neozelandês J.C. P. Williams, que a descreveu em 1961. É uma síndrome rara, afeta uma criança a cada 10 mil. As características: defeitos no coração e nos vasos, conformações faciais singulares e retardamento. O que mais chama atenção nestes indivíduos: personalidades cordiais e loquazes e, domínio incomum da linguagem. Extrema facilidade para a música, são verdadeiros "profissionais" da música. Para se fazer uma comparação, os portadores da síndrome de Williams, apresentam potenciais antagônicos aos autistas. Uma constatação interessante e curiosa.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Critérios duvidosos sobre o tratamento do autismo

Como tenho permanentemente escrito neste espaço sobre o autismo, gostaria de lançar mais um questinamento ou mesmo uma reflexão sobre este transtorno. Estas minhas questões são fruto, obviamente, de muitas leituras sobre o assunto. Primeiro, por que o investimento público e privado nesta área é tão precário? Porque o número de indivíduo com este transtorno é pequeno? Ou mesmo, porque isto é resultado das nossas políticas públicas? Segundo, será que o autismo, em virtude das dúvidas sobre as verdadeiras causas deste aparecimento, não é um motivo para "pensarmos" de que a melhor alternativa é deixarmos estes indivíduos "isolados", como "eles mesmo desejam"? Como a causa mais aceita do autismo é a multicausalidade e, a genética é um fator preponderante neste momento, como podemos melhorar a vida de um autista? O respeito ao "isolamento" não seria um "tratamento" adequado, procurando o bem estar deste indivíduo? Alguns plantomistas podem alegar o sucesso de alguns autistas na recuperação para a sociedade, mas esquecem de que há diferenças nos comportamentos apresentados pela lógica da sua deficiência. Alguns já estão mais predispostos a recuperação, isto é mais fácil conciliar e entender.
Fica a pergunta, que não é necessariamente a minha opinião.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

No córtex cerebral, assim somos


Síndrome de Münchausen

O mestre Moacyr Scliar escreve na revista Mente e Cérebro deste mês sobre "Münchausen e outros epônimos". Para definir Münchausen ele escreve: são pacientes que simulam doenças, de tipo e gravidade variáveis. E o fazem com tanta habilidade que muitas vezes enganam os médicos, induzindo-os à prática de cirurgias desnecessárias. O ventre de um paciente com essa patologia costuma ser um repositório de cicatrizes operatórias. A síndrome de Münchausen é um problema psíquico, a pessoa não tem consciência de que aquilo é simulação. Apresenta longa história de perturbação mental e, muitas vezes, foi vítima de abuso físico e emocional. Manifesta sentimentos de culpa com o consequente desejo de autopunição.
Scliar também define na mesma matéria o que significa "Epônimo": é o nome de uma pessoa, real ou fictícia, associado a um lugar, a uma época ou a uma situação mórbida. No caso de nomes fictícios, a literatura é fonte inesgotável. Juntando então, estas duas definições, podemos imaginar da onde surgiu este nome, conclui Moacyr Scliar: o nome da síndrome vem de um personagem real, o barão Karl Friedrich Hieronymus von Münchausen (1720-1797), que lutou a serviço da Rússia contra os turcos entre 1763 e 1772. Clássico mitômano, o barão costumava narrar histórias fantasiosas sobre a guerra e sobre seus próprios atos heróicos.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Estatísticas de crianças autistas

Anteriormente considerado um distúrbio bastante raro, com taxas de prevalência de talvez 5 em 10.000, estudos epidemiológicos mais recentes indicam taxas mais elevadas, de 16 crianças a cada 10.000 com autismo definido de forma mais restrita e até 40 crianças a cada 10.000 com diagnósticos mais amplos dentro da família de condições marcada por déficits de socialização significativos ( CHAKRABARTI e FOMBONNE, 2001).
Pelo número absurdo de crianças autista, indiferente da classificação adotada e, mesmo não se sabendo corretamente as causas desta fatalidade, o que se propõe pelo estado e/ou organizações preocupadas com esse assunto? Podemos pensar em intervenções necessárias para atender as necessidades destas crianças, o autismo e as condições a ele associadas têm se tornado um ponto muito mais central na discussão de politicas sociais, trazendo à tona as questões de identificação precoce, estimulação precoce e a natureza e intensidade do tendimento educacional que precisa ser oferecido para esta substancial minoria de crianças (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2001)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Visões cerebrais

Darwin um dia disse que a coisa mais fantástica da vida são os olhos. Da visão, podemos "acreditar em Deus", relembra ele. Mas o que importa quando enxergamos algo é, como nosso cérebro vai transformar o impluso elétrico numa imagem mental. Ou seja, enxergamos com o cérebro. O psicólogo americano Hans Wallach (1904-1998) sugeriu, em 1948, que o cérebro também determina o tom de cinza de uma superfície comparando a luz recebida de superfícies vizinhas. Ele conseguiu demonstrar, mesmo naquela época, que um círculo homogêneo pode parecer ter qualquer tom entre branco e preto apenas mudando o brilho da luz em volta dele, embora o círculo em si nunca se altere. Essa entre outras experiências mais recentes com a visão, nos mostram como em muitas vezes acabamos enxergadando algo do que realmente não é, ou melhor, podemos enxergar algo do que não existe. Isso tudo é resultado de novos estudos que num futuro muito próximo vão provar que deus continua jogando dados.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Alucinações musicais de Oliver Sacks

(...)"Não costumamos apreciar devidamente os nossos sentidos. Achamos, por exemplo, que o mundo visual é um dado, que o recebemos completo, com profundidade, cor, movimento, forma e sentido, tudo em correspondência e sincronia perfeitas. Diante dessa aparente unidade, talvez não nos ocorra que muitos elementos compõem uma única cena visual e que cada um deles tem de ser separadamente analisado para só depois serem todos combinados. Essa natureza composta da percepção visual é mais evidente para um artista ou fotógrafo. Ou pode tornar-se mais perceptível quando, por causa de alguma lesão ou desenvolvimento deficiente, algum elemento for defectivo ou perder-se. A percepção da cor tem sua própria base neural, tanto quanto a percepção de profundidade, de movimento, de forma, etc. E mesmo se todas essas percepções preliminares estiverem funcionando, pode haver dificuldade para sintetizá-las em uma cena ou objeto visual que faça sentido. Uma pessoa com defeito de ordem superior nessa esfera - uma agnosia visual, por exemplo - às vezes é capaz de copiar um desenho ou de pintar uma cena que serão reconhecidos por outras pessoas, mas não por ela própria."

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Apenas semelhanças


Nazismo e saúde psíquica

O psiquatra Friedrich Panse enviou uma carta para o patologista também alemão JuliusnHallervorden, um dos responsáveis pelos manicômios da alemanha, em pleno início da segunda guerra mundial. A partir dessas discussões, foi oficializado o tal famigerado AKTION T4 - programa nazista de eutanásia. Eis a carta, nela observamos aonde o ser humano pode chegar:
"Já chegamos à espantosa quantidade de mais de 100 famílias com coréia de Huntington (...) Casos de rigidez infantil não são raros. Eu mesmo encontrei no dia 2/1, durante um exame em Essen, um adolescente com coréia de Huntington hereditária, Bernhard R., já maribundo. Trata-se de um estado de rigidez prematuro que se tornou evidente por volta dos 7 anos (...) Provavelmente, o processo se iniciou antes disso. Envio-lhe anexo um pequeno resumo sobre a herança genética dessa família. Pedi ao nosso colega Hegeman que lhe envie o cérebro do garoto, consultei nosso jovem patologista daqui e espero que o modo de conservação esteja de acordo com o seu desejo."
Eram intenções médicas e de pesquisa, sacrificavam jovens e crianças com comprometimento mental para, com a desculpa da eugenia, buscar "limpar" a raça ariana.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Saiu na Folha de São Paulo nesta semana

Três grupos de cientistas nos EUA, usando abordagens diferentes, disseram ontem(11/01/08) que falhas distintas em um único gene, o CNTNAP2, aumenta o riso de autismo. Dois estudos apontam para variações comuns no gene; o terceiro, para uma mutação rara. Todos parecem ser hereditárias. O CNTNAP2 produz uma proteína que ajuda a comunicação entre as células do cérebro em áreas envolvidas com cognição e linguagem.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Livro do desassossego

"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e o representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é esse o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de idéias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."

Fernando Pessoa

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

2008

Que este ano que está nascendo possa ser muito especial para todos nós, mesmo sabendo que, muitas coisas que não nos agradam possam ocorrer, por isso que, não podemos tirar os olhos dos nossos objetivos.
Este blog continuará produzindo material sobre Educação Especial, Inclusão e assuntos da área. Para tanto, preciso da sua colaboração, enviando sugestões e críticas, assim podemos compartilhar das informações necessárias para um conhecimento comprometido e necessário. Bom ano para todos.