sábado, 5 de maio de 2012

Câncer e sua primeria publicação

"Em 1862, Edwin Smith - personagem incomum, especialista, mascate, falsificador de antiguidades e egiptólogo amador - comprou (ou roubou, como dizem alguns) um papiro de cinco metros de comprimento de um vendedr de antiguidades em Luxor, Egito. O papiro estava em péssimas condições, com páginas amarelecidas, quebradiças, escritas manualmente em egípcio. Acredita-se agora, que datam do séc. VII a. C. e são a transcrição de um manuscrito de 2500 a.C. O copista - um plagiador, apressadíssimo - cometeu erros ao copiar e fez algumas correções com tinta vermelha na margem das páginas.
Hoje, julga-se que o papiro traduzido em 1930 contém os ensinamentos de IMHOTEP, grande médico egípcio que viveu em torno de 2625 a. C. IMHOTEP, um dos poucos egípcios do Antigo Império de que temos notícia que não pertencia a família real, era um homem do renascimento no centro de um amplo renascimento egípcio. Como vizir na corte do rei DJOZER, ele interessou-se por neurocirurgia, arriscou-se na arquitetura e fez incursões em astrologia e astronomia.
(...) A característica mais surpreendente do papiro de Smith não está na magia nem na religião, mas na ausência da magia e da religião. IMHOTEP escreveu sobre ossos quebrados e vértebras deslocadas com um vocabulário objetivo, esterelizado, científico, como se redigisse um texto didático moderno.
E é a luz dos lampejos esclarecedores de um cirurgião antigo que o câncer aparece pela primeira vez com uma doença distinta. Caso 45."

O Imperador de todos os males
Siddharta Mukherjee, p. 61

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