(...) O tato também não goza de reconhecimento nos espaços escolares. Os alunos devem permanecer quietos, atentos, com o olhar voltado para frente, como se só fossem significativos os gestos e vocalizações do professor. Falta grave é insistir em explorar corporalmente os companheiros. O tato, o mais humano dos sentidos, o único que não está localizado num único órgão pois se estende por todo o nosso corpo, não tem lugar garantido dentro dos esquemas pedagógicos. Quando por alguma razão a criança não consegue integrar-se à ditadura audiovisual da escola, quer porque necessita do contato tátil para mediar seus processos de aprendizagem ou porque recorre a explorações olfativas, cai sobre ela a censura de ser um incapacitado. Se não consegue manter quieto o corpo durante hora da aula, o olhar voltado para frente e a atenção disponível, é rejeitado pela máquina educativa. Grave erro das estratégias pedagógicas, pois são estes sentidos excluídos que nos dão o conhecimento mais direto das relações de interdependência com os outros, podendo-se afirmar, no caso do tato, que é indispensável inclusive para o desenvolvimento do pensamento operatório que nossa cultura tanto se esforça em cultivar. (...)
trecho do livro
O direito à ternura
Luis Carlos Restrepo
Editora Vozes, 1998
Nenhum comentário:
Postar um comentário