Acho que o trecho a seguir do livro O CÉREBRO EM TRANSFORMAÇÃO de Suzana Herculano-Houzel, tem uma referência muito grande com o assunto da matéria que está logo abaixo (neurônios-espelho).
(...) Ao nascer - e ao longo dos primeiros anos de vida, enquanto mais matéria-prima sináptica é adicionada a ele -, o cérebro é como um bloco de pedra bruta que contém em si todas as esculturas possíveis. Esse cérebro é capaz de aprender russo, alemão, chinês (e ainda bem, pois não tinha como adivinhar em que país nasceria!), tornar-se concertista, operário, professor ou atleta olímpico. No que ele se tornará, depende do cinzel empunhado pela vida, pelo ambiente, pelas escolhas que o próprio cérebro vai fazendo no caminho. É o bloco esculpido - e não o bruto, cheio de possibilidades, mas ainda bruto - que permite as habilidades refinadas do adulto.
E como na escultura, se a eliminação das sobras de matéria-prima é incompleta, o resultado final fica comprometido: uma das características de várias formas de retardo mental, como a síndrome do X-frágil, são falhas no mecanismo de eliminação sináptica durante a infância e a adolescência. Com sinapses demais e sem conseguir livrar-se delas, o cérebro fica congelado na infância - no seu estado de bloco de mármore cheio de possibilidades, mas incapaz de realizá-las.(...)
(pg. 68)
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