segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Sapos, experiências e sistema nervoso

Relato agora um trecho do livro "A árvore do conhecimento" do Humberto Maturana e Francisco Varela, nesta experiência, os autores mostram como nosso sistema nervoso se impõe graças as conectividades, o mundo ao redor é apenas um cenário. A visão mais uma vez é a mair prova disso. Criamos o "nosso" mundo graças as nossas conveniências cerebrais. A experiência é feita com sapos. Vamos "escutar" os autores.

(...) Toma-se um girino, ou larva de sapo, corta-se a borda de seu olho - respeitando o nervo óptico - e faz-se com ele um giro de 180 graus. Deixa-se que o animal assim operado complete seu desenvolvimento larvar e sua metamorfose, até que se transforme num adulto. Toma-se agora o sapo experimental e, com o cuidado de cobrir o olho virado, mostra-se a ele uma MINHOCA. A língua se projeta para adiante e acerta perfeitamente o alvo. Repetimos o experimento, dessa vez cobrindo o olho normal. E verificamos que o animal lança a língua com um desvio de exatamente 180 graus. Ou seja, se a presa está abaixo do animal ou à sua frente, como seus olhos apontam um pouco para o lado ele gira e projeta a língua para cima e para trás. O animal atira sua língua como se a zona da retina onde se forma a imagem da presa estivesse em sua posição normal.
Esse experimento revela, DE FORMA DRAMÁTICA, que para o animal o acima e o abixo e o adiante e o atrás NÃO EXISTEM em relação ao mundo exterior, do mesmo modo que existem para o observador. O que há é uma correlação INTERNA entre o lugar onde a RETINA recebe uma determinada perturbação e as contrações musculares que movem a lingua, a boca, o pescoço e, por fim, o corpo inteiro do sapo.

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