(...)"No decorrer da evolução, os seres humanos desenvolveram um relógio biológico ajustado a esse ritmo alternado de claridade e escuridão. Esse relógio, localizado no hipotálamo do cérebro, governa o que denomino TEMPO CORPORAL.
Mas há um outro tipo totalmente diverso de tempo. O TEMPO MENTAL diz respeito à maneira como experimentamos a passagem do tempo e como organizamos nossa cronologia. Apesar do tiquetaque constante do relógio, a passagem do tempo pode parecer rápida ou lenta, curta ou longa. E essa variabilidade pode ocorrer em diferentes escalas, de décadas, estações, semanas e horas, até minúsculos intervalos musicais - como a duração de uma nota ou o momento de silêncio entre duas notas. Nós também situamos os eventos no tempo, decidindo quando eles ocorreram, em ordem e em escala, se na escala de uma vida inteira ou de apenas alguns segundos.
Não sabemos como o tempo mental se relaciona com o relógio biológico do tempo corporal. Também não sabemos se o tempo mental depende de algum mecanismo de registro temporal ainda desconhecido, ou se a nossa percepção de duração e sequência dos eventos se baseia principalmente, ou exclusivamente, em processamento de informações. Se esta for a alternativa verdadeira, o tempo mental deve ser determinado pela atenção que dispensamos aos eventos e às EMOÇÕES QUE SENTIMOS quando eles ocorrem. O tempo mental deve ser também influenciado pela maneira como registramos esses eventos e pelas inferências que fazemos ao percebê-los e recordá-los."
Antonio Damásio
Revista Scientific American - Brasil (Em busca da consciência, n. 40)
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