quarta-feira, 22 de julho de 2009

"Elixir do Pajé"

"Que tens, caralho, que pesar te oprime
que assim te vejo murcho e cabisbaixo
sumido entre esta basta pentelheira,
mole, caindo perna abaixo".

Assim começa "Elixir do Pajé", poema de Bernardo Guimarães publicado clandestinamente em 1875. Ele trata de um assunto que assombrava a sociedade patriarcal: a impotência sexual masculina. Considerada verdadeira maldição, ela provocava profundo sofrimento e situações de humilhação entre os homens. Ao longo de séculos, não faltam indicações de sonho de ereções permanentes e infatigáveis, mostrando que a obrigação da virilidade habita há tempos a nossa cultura. Mas por que tanta ansiedade? Está na bíblia: "Crescei e multiplicai-vos".

(...) Fundamentado em sua convivência com os indianos, Garcia da Orta sabia que o ópio era usado para agilizar a "virtude imaginativa" e a retardar a "virtude expulsiva" ou seja: controlar o orgasmo e a ejaculação. Além destes dois produtos, Orta menciona o betel, uma piperácea cuja folha se masca em muitas regiões do Oceano Índico.

(...) A erotomania, "doença" provocada pelo uso excessivo de afrodisíacos, era combatida com sangrias e banhos gelados.

- Revisa de História - Biblioteca Nacional. n. 40, jan. 2009, p. 19

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