MÚSCULOS E COBRAS
Na última coluna havia comentado sobre os diversos tipos de fibras musculares que somos postos em movimento. Para continuar explicando este mecanismo de funcionamento, quem sabe uma analogia com os venenos das cobras possa ser melhor entendido. Todos os músculos do corpo dependem de estímulos elétricos e químicos para funcionarem, se esses estímulos não existirem, as contrações serão impossíveis, inclusive as do coração e pulmões. Na parte final da fibra nervosa, existe uma fenda ou buraco na qual os transmissores químicos são agrupados para poderem retransmitir o sinal ao destinatário final, que é o músculo. Se esse transmissor não cumprir esta função, o músculo não tem como se contrair, mesmo estando em perfeitas condições. É exatamente a concretização dessa última e delicada etapa que a peçonha das cobras impede. A peçonha imita o neurotransmissor e preenche o vazio da fenda, mas não conduz o sinal. A transmissão de impulsos é interrompida, os músculos funcionam irregularmente, enfraquecem e, finalmente ficam paralisados. No caso de paralisações, as pessoas morrem devido aos órgãos vitais que deixam de contrair. O mesmo acontece com a paralisia infantil, os músculos não recebem o sinal necessário. No esporte esta arquitetura também é a responsável, não isoladamente, pela qualidade dos atletas de rendimento. Quanto melhor funcionar esta engrenagem, melhor será o resultado. O mesmo acontece com o aparecimento da fadiga; se as transmissões estiverem reguladas e acionadas corretamente, mais difícil o aparecimento do cansaço. É necessário entender que, a máquina humana é muito complexa e o que compete aos atletas é treinar o melhor possível, deixando para a natureza fazer a sua parte. Para não precisar chupar veneno de cobras para extrair as peçanhas, é melhor ainda dar atenção ao que o corpo está pedindo.
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