São crianças que não passam numa prova de rítmo e sabem fazer uma batucada. Que não têm equilíbrio e coordenação motora e andam nos muros e árvores. Que não tem discriminação auditiva e reconhecem cantos de pássaros. Crianças que não sabem dizer os meses dos anos, mas sabem a época de plantar e colher. Não conseguem aprender os rudimentos da aritmética e, na vida, fazem compras, lidam com dinheiro, são vendedoras na feira. Não têm memória e disciminação visual, mas reconhecem uma árvore pelas suas folhas. Não têm coordenação motora com o lápis na mão, mas constroem pipas. Não têm criatividade e fazem seus brinquedos do nada. Crianças que não aprendem nada, mas aprendem e assimilam o conceito básico que a escola lhes transmite, o mito da ascenção social, da igualdade de oportunidades e, depois, assume toda a responsabilidade pelo seu fracasso escolar.
Desnutrição e fracasso escolar: uma relação tão simples? In: Revista Ande, n.5, p. 60-61
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