domingo, 28 de janeiro de 2007
sexta-feira, 26 de janeiro de 2007
Exclusão
A exclusão tounou-se uma espécie de epidemia do início deste século: assustadora como a peste, altamente contagiosa e de cura pouco provável. Esta "epidemia social" demonstra uma grande vitalidade e dinâmica e, devido ao seu rápido alastramento, tem sido tratada como uma das ameaças mais sérias ao desenvolvimento das sociedades, em cujos objetivos cada vez mais se inclui a sua erradicação.
David Rodrigues.
David Rodrigues.
quarta-feira, 24 de janeiro de 2007
Crianças diferentes
São crianças que não passam numa prova de rítmo e sabem fazer uma batucada. Que não têm equilíbrio e coordenação motora e andam nos muros e árvores. Que não tem discriminação auditiva e reconhecem cantos de pássaros. Crianças que não sabem dizer os meses dos anos, mas sabem a época de plantar e colher. Não conseguem aprender os rudimentos da aritmética e, na vida, fazem compras, lidam com dinheiro, são vendedoras na feira. Não têm memória e disciminação visual, mas reconhecem uma árvore pelas suas folhas. Não têm coordenação motora com o lápis na mão, mas constroem pipas. Não têm criatividade e fazem seus brinquedos do nada. Crianças que não aprendem nada, mas aprendem e assimilam o conceito básico que a escola lhes transmite, o mito da ascenção social, da igualdade de oportunidades e, depois, assume toda a responsabilidade pelo seu fracasso escolar.
Desnutrição e fracasso escolar: uma relação tão simples? In: Revista Ande, n.5, p. 60-61
Desnutrição e fracasso escolar: uma relação tão simples? In: Revista Ande, n.5, p. 60-61
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
Músculos e Cobras
MÚSCULOS E COBRAS
Na última coluna havia comentado sobre os diversos tipos de fibras musculares que somos postos em movimento. Para continuar explicando este mecanismo de funcionamento, quem sabe uma analogia com os venenos das cobras possa ser melhor entendido. Todos os músculos do corpo dependem de estímulos elétricos e químicos para funcionarem, se esses estímulos não existirem, as contrações serão impossíveis, inclusive as do coração e pulmões. Na parte final da fibra nervosa, existe uma fenda ou buraco na qual os transmissores químicos são agrupados para poderem retransmitir o sinal ao destinatário final, que é o músculo. Se esse transmissor não cumprir esta função, o músculo não tem como se contrair, mesmo estando em perfeitas condições. É exatamente a concretização dessa última e delicada etapa que a peçonha das cobras impede. A peçonha imita o neurotransmissor e preenche o vazio da fenda, mas não conduz o sinal. A transmissão de impulsos é interrompida, os músculos funcionam irregularmente, enfraquecem e, finalmente ficam paralisados. No caso de paralisações, as pessoas morrem devido aos órgãos vitais que deixam de contrair. O mesmo acontece com a paralisia infantil, os músculos não recebem o sinal necessário. No esporte esta arquitetura também é a responsável, não isoladamente, pela qualidade dos atletas de rendimento. Quanto melhor funcionar esta engrenagem, melhor será o resultado. O mesmo acontece com o aparecimento da fadiga; se as transmissões estiverem reguladas e acionadas corretamente, mais difícil o aparecimento do cansaço. É necessário entender que, a máquina humana é muito complexa e o que compete aos atletas é treinar o melhor possível, deixando para a natureza fazer a sua parte. Para não precisar chupar veneno de cobras para extrair as peçanhas, é melhor ainda dar atenção ao que o corpo está pedindo.
Na última coluna havia comentado sobre os diversos tipos de fibras musculares que somos postos em movimento. Para continuar explicando este mecanismo de funcionamento, quem sabe uma analogia com os venenos das cobras possa ser melhor entendido. Todos os músculos do corpo dependem de estímulos elétricos e químicos para funcionarem, se esses estímulos não existirem, as contrações serão impossíveis, inclusive as do coração e pulmões. Na parte final da fibra nervosa, existe uma fenda ou buraco na qual os transmissores químicos são agrupados para poderem retransmitir o sinal ao destinatário final, que é o músculo. Se esse transmissor não cumprir esta função, o músculo não tem como se contrair, mesmo estando em perfeitas condições. É exatamente a concretização dessa última e delicada etapa que a peçonha das cobras impede. A peçonha imita o neurotransmissor e preenche o vazio da fenda, mas não conduz o sinal. A transmissão de impulsos é interrompida, os músculos funcionam irregularmente, enfraquecem e, finalmente ficam paralisados. No caso de paralisações, as pessoas morrem devido aos órgãos vitais que deixam de contrair. O mesmo acontece com a paralisia infantil, os músculos não recebem o sinal necessário. No esporte esta arquitetura também é a responsável, não isoladamente, pela qualidade dos atletas de rendimento. Quanto melhor funcionar esta engrenagem, melhor será o resultado. O mesmo acontece com o aparecimento da fadiga; se as transmissões estiverem reguladas e acionadas corretamente, mais difícil o aparecimento do cansaço. É necessário entender que, a máquina humana é muito complexa e o que compete aos atletas é treinar o melhor possível, deixando para a natureza fazer a sua parte. Para não precisar chupar veneno de cobras para extrair as peçanhas, é melhor ainda dar atenção ao que o corpo está pedindo.
CULTURA CORPORAL
PERNAS, PRA QUE TE QUERO
Desde muito jovem acreditei na popularização da atividade física, sem pretensões das glórias, obviamente. Diferentemente dos meus tempos de faculdade, quando as provas científicas dos exercícios físicos para o corpo eram mais difíceis, hoje, sobram motivos para todo cidadão se mexer. Uma pena que as autoridades ainda não perceberam isso. Depois de ler os trabalhos de Doreen Kimura, de uma Universidade Americana, acrescentei mais um bom motivo para continuar acreditando nos benefícios dos esportes. Em seus trabalhos com neurociência, afirma que os movimentos da boca dependem da mesma faculdade que guia os movimentos balísticos de mão, ou seja, melhorias na destreza poderiam ajudar na linguagem, e vice-versa. Supõe-se que a capacidade de fazer arremessos acurados, que teriam ajudado os hominídeos a sobreviver aos episódios de resfriamento nos trópicos, também abriu a possibilidade de comer carne regularmente e de sobreviver ao inverno em zona temperada. O dom da fala seria um benefício acidental. Como são milhões de anos a evolução da nossa espécie, é certo que o DNA dos nossos craques dos esportes são, na sua maioria, de herdeiros diretos desses caçadores e primatas eficientes nas suas especialidades. Um movimento balístico como um arremesso no basquete, tem muito mais a ver com a evolução do que qualquer outro raciocínio lógico usado diariamente. Agora, imaginem o resultado de toda essa evolução quando vemos uma jogada de futebol, como a do Alexandre Pato, ontem, com toques mágicos, que encantam qualquer retina. Como estamos no século da genética, em breve estaremos comentando sobre os genes que capacitam um cidadão à craque, ou quem estará apto a arremessar bem. Mesmo com essas descobertas é preciso que estes genes “despertem” e cumpram a sua função, como já se sabe quando aparecem alguns tipos de doenças, ou seja, o meio influenciando a genética. Então, que 2007 possamos ser “agentes inovadores do esporte”, vamos começar a jogar gol-a-gol, ou quem sabe, improvisar uma cesta de basquete e treinar na garagem de casa.
PERNAS, PRA QUE TE QUERO
Desde muito jovem acreditei na popularização da atividade física, sem pretensões das glórias, obviamente. Diferentemente dos meus tempos de faculdade, quando as provas científicas dos exercícios físicos para o corpo eram mais difíceis, hoje, sobram motivos para todo cidadão se mexer. Uma pena que as autoridades ainda não perceberam isso. Depois de ler os trabalhos de Doreen Kimura, de uma Universidade Americana, acrescentei mais um bom motivo para continuar acreditando nos benefícios dos esportes. Em seus trabalhos com neurociência, afirma que os movimentos da boca dependem da mesma faculdade que guia os movimentos balísticos de mão, ou seja, melhorias na destreza poderiam ajudar na linguagem, e vice-versa. Supõe-se que a capacidade de fazer arremessos acurados, que teriam ajudado os hominídeos a sobreviver aos episódios de resfriamento nos trópicos, também abriu a possibilidade de comer carne regularmente e de sobreviver ao inverno em zona temperada. O dom da fala seria um benefício acidental. Como são milhões de anos a evolução da nossa espécie, é certo que o DNA dos nossos craques dos esportes são, na sua maioria, de herdeiros diretos desses caçadores e primatas eficientes nas suas especialidades. Um movimento balístico como um arremesso no basquete, tem muito mais a ver com a evolução do que qualquer outro raciocínio lógico usado diariamente. Agora, imaginem o resultado de toda essa evolução quando vemos uma jogada de futebol, como a do Alexandre Pato, ontem, com toques mágicos, que encantam qualquer retina. Como estamos no século da genética, em breve estaremos comentando sobre os genes que capacitam um cidadão à craque, ou quem estará apto a arremessar bem. Mesmo com essas descobertas é preciso que estes genes “despertem” e cumpram a sua função, como já se sabe quando aparecem alguns tipos de doenças, ou seja, o meio influenciando a genética. Então, que 2007 possamos ser “agentes inovadores do esporte”, vamos começar a jogar gol-a-gol, ou quem sabe, improvisar uma cesta de basquete e treinar na garagem de casa.
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