quarta-feira, 30 de setembro de 2009

FILME ESTREANDO

A COR DOURADA DA DOÇURA E DA DOR

Beirute: como qualquer outra cidade e como qualquer salão de beleza. O filme retrata o sonho de mulheres comuns em encontrar e viver um grande amor.

Direção e roteiro: Nadine Labaki, 95 min.

Moacyr Scliar

O texto como placebo.

Autoajuda encerra uma lição que vale para a ciência: o paciente precisa do amparo das palavras

NOSSO CÉREBRO É CAPACITADO PARA TRANSFORMAR EM RESPOSTA TUDO O QUE FAZ E SENTE

HOMÚNCULO - Uma representação cerebral de como percebemos as sensibilidades e os movimentos. Por isso que, somos mais sensíveis na boca e nas mãos.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sem cara e sem nome

Sem cara e sem nome: ...nem a cara, nem o nome têm nada a ver com a nossa identidade profunda. E, quase sempre, o homem nasce, vive e morre sem ter contemplado jamais o seu rosto verdadeiro e sem ter jamais conhecido o seu nome eterno (Nelson Rodrigues)

Do blog do Zé Beto

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Autismo: procedimentos importantes

Para se ter sucesso em atividades propostas às pessoas autistas é bom lembrar alguns detalhes: eles(autistas) são VISO-ESPACIAIS, respondem melhor aos estímulos quando estes não são ABSTRATOS. Por isso, sempre que for se relacionar com um autista, é necessário que ele esteja vendo e escutando um pedido. Por ex: se for jogar bola com ele, primeiro mostre a bola, para depois sugerir a atividade. Evite as expressões simbólicas: "chovendo pedra, lindo de morrer, estômago roncando, etc."
Conhecem a expressão "um antropólogo em marte." Se ainda não conhecem o livro, uma boa opção. De Oliver Sacks.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Vemos ou enxergamos? Se você enxergasse como a figura a baixo, não iria se esforçar para ver o máximo que pode?


Repostas em tempo incerto

Recebo algumas perguntas (menos do que gostaria) sobre diversos assuntos, mas as perguntas mais frequentes são sobre as pessoas deficientes. Gostaria, se tivesse mais tempo, fazer comentários sobre as minhas respostas(individuais), para que todos (será que existem?) pudessem opinar. Mesmo assim, queria deixar algumas reflexões sobre a deficiência visual, quando comentei tempos atrás o que eu achava sobre o "aproveitar melhor a vida" (aspas minhas).
Conheço muitos cegos e quase todos precisam mostrar ao mundo que são capazes de realizar tarefas cotidianas como qualquer outra pessoa. São provações necessárias e íntimas, como os videntes também precisam mostrar às suas. Pois bem, a diferença maior nestas provações são os reflexos destas ações. Fazemos isso, nós videntes, esperando que o outro (qualquer indivíduo que esteja vendo o que fazemos) seja a nossa platéia. Nosso troféu é a preparação para o próximo prêmio (um ser endomorfo) na esperança de um novo reconhecimento. Aproveitamos os nossos prêmios de uma forma muito "normal", deixamos os sabores da vida para um momento especial: aposentadoria, férias, lua de mel, sexta-feira à noite. Esquecemos do percurso, do que acontece "quando estamos fazendo", olho no olho, um tempinho à mais.
Com os cegos (e outros deficientes) a relação é "hedonista", a entrega é mais temporal, o escutar (até porque isto é uma necessidade vital para os cegos) é mais musical, mais melódico. Ao escutar te reconheço, te desbravo, gozo. Dizem eles (os meus amigos, pelo menos), "já perdi muito na vida, não quero perder mais este momento" A relação do reconhecimento é: me reconheça como um cego bacana e natural, sem firulas". O tempo espera, não sei quando vou te "ver" de novo. Para te "ver", preciso te escutar. Não é bárbaro esta forma de se relacionar com o outro - ESCUTANDO. Silêncio mundo, estamos conversando, preciso parar, desligar o celular, adiar os compromissos (parecido com a propaganda de um tênis) e escutar meu amigo. Tudo está transferido, menos a escuta. Por que nós, viventes e videntes, não fazemos isso? Porque precisamos de mais informações visuais, mais poluição, novos prêmios.
Deixo uma pergunta: qual a diferença entre ver e enxergar?
Para os meus amigos: videntes, cegos e os próximos que virão e para os que já se foram.

O estrangeiro

"Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo: "Sua mãe faleceu. Enterro amanhã. Sentidos pêsames." Isso não esclarece nada. Talvez tenha sido ontem.
O asilo de velhos fica em Marengo, a oitenta quilômetros de Argel. Vou tomar o ônibus às duas horas e chego ainda à tarde. Assim posso velar o corpo e estar de volta amanhã à noite. Pedi dois dias de licença a meu patrão e, com uma desculpa destas, ele não podia recusar. Mas não estava com um ar muito satisfeito. Cheguei mesmo a dizer-lhe: "A culpa não é minha." Não respondeu. Pensei, então, que não devia ter-lhe dito isto. A verdade é que eu nada tinha por que me desculpar. Cabia a ele dar-me pêsames. Com certeza irá fazê-lo depois de amanhã, quando me vir de luto. Por ora é um pouco como se mamãe não tivesse morrido. Depois do enterro, pelo contrário, será um caso encerrado e tudo passará a revestir-se de um ar mais oficial.

Albert Camus - o primeiro parágrafo de um livro antológico.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Capra

(...) Embora as diversas escolas do misticismo oriental divirjam em inúmeros detalhes, todas enfatizam a unidade básica do universo, característica central de seus ensinamentos. O objetivo mais elevado para seus seguidores - sejam hindus, budistas ou taoístas - é precisamente tornar-se consciente desta unidade e da inter-relação mútua de todas as coisas, transcender a noção de um Si-Mesmo (Self) individual e identificar-nos com a realidade fundamental. A emersão dessa consciência - denominada "iluminação" - não é apenas um ato intelectual mas, na verdade, uma experiência que envolve a totalidade do indivíduo e se afigura religiosa em sua natureza básica. Por essa razão, a maioria das filosofias orientais são essencialmente filosofias religiosas.

"O Tao da Física", F. Capra.

Como ex-praticante de judô, convivendo por muitos anos com mestres das artes marciais e, sempre escutando e discutindo esta palavra "iluminação", sempre me pergunto: por que passamos a vida inteira nos desesperando por pouco? Lógico que não encontrei e nunca vou encontrar a resposta mas, uma coisa é certa; as pessoas com necessidades especiais de nascença se "desesperam menos". A "iluminação" destas pessoas (dos deficientes), é uma coisa que gostaria de conhecer melhor.

Visões de mundo

"Quando a mente é perturbada, produz-se a multiplicidade das coisas; quando a mente é aquietada, a multiplicidade das coisas desaparece".

Ashvaghosha

terça-feira, 8 de setembro de 2009

LEGASTENIA

Atualmente me dedico a estudar a deficiência visual, principalmente os problemas da Escola Inclusiva. Isto também incluiu os cursos de especialização que ministro para professores de educação especial. Os encontros com os professores (meus alunos) servem também para alimentar algumas discussões que, no mínimo, podem colaborar com um novo discurso desta Escola que agora chamamos de Inclusiva.
Além das discussões, muitos estudos de casos são apresentados ao grupo de professores; casos que são relatados pelos próprios mas, nem sempre o caso é esclarecido.
Entre muitas conversas, encontrei alguns alunos com um diagnóstico de LEGASTENIA (a escola atendia o aluno como deficiente mental leve). Este casos de Legastenia são muito parecidos com a Dislexia. Quase sempre é resultado da imaturidade cerebral em fixar o olhar, as crianças com este problema não conseguem reter a visão em um determinado espaço e se perdem durante a leitura e escrita. Por isso que, quando os professores desconhecem o caso, podem ser confundidos com um atraso mental.
É interessante ressaltar neste momento, principalmente para os professores de sala de aula que as crianças em geral (adultos também) quando estão lendo ou prestando atenção em alguém, os olhos realizam movimentos sacádicos, que são em média de 3 a 5 deslocamentos por segundo. Isto que dizer, os olhos não param, mesmo quando olhamos para uma fotografia ou um quadro.
Então, quando isso não acontece, principalmente quando o olho está parado ou se mexendo mais do que o ideal, precisamos saber os motivos para estas alterações. A percepção visual depende desta maturidade neural, mas isso não pode ser interpretado como uma deficiência.

É isso.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Novas funções para o córtex visual

"Pesquisadores acreditavam que o cérebro processa cenas visuais em uma série de estágios hierárquicos: dos tipos mais simples de avaliações neutras (como cor e contraste), criadas no córtex visual primário no início da cadeia de processamento visual, até os julgamentos de valor mais sutis que são feitos em um ponto "superior" do sistema. Novas pesquisas mostram que, de fato, o córtex visual primário está sujeito a influências cognitivas complexas. Mesmo nos níveis mais fundamentais, nossas expectativas moldam o modo como vemos o mundo."
Esta pesquisa foi divulgada na revista Science e, os pesquisadores são: Marshall G. Shuler e Mark F. Bear, os dois do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA.
Para simplificar este achado: agora o nosso córtex visual, além das funções básicas de interpretação dos sinais da retina, também, segundo os autores da pesquisa, pode interferir na resposta do impuso nervoso, mesmo antes das áreas superiores do cérebo reagirem.

Saiba mais: Revista Mente e Cérebro, n. 200, p. 64-67.