quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Imprensa canalha



“O patriotismo é o último refúgio dos canalhas.”
O tom é de Nelson Rodrigues, mas o autor da frase é Samuel Johnson, pensador inglês do século XVIII.
A frase se aplica perfeitamente ao contexto do papelão do Brasil na Olimpíada e ao triste papel desempenhado por parte de nossa imprensa, notadamente a sagaz Rede Globo.
As emissoras, revistas, jornais e sites venderam hectares de espaço a anunciantes de todos os tipos e tamanhos, o que permitiu que centenas, talvez milhares de jornalistas e equipes técnicas fossem enviados à China. Natural – principalmente as TVs – que, para garantirem público, berrassem dia e noite a participação brasileira, como se nossos atletas fossem todos top de seus esportes, nossos cartolas fossem geniais e o lépido Carlos Arthur Nuzmann, nosso Napoleão a comandar a invasão do Império do Meio e o carregamento de toneladas de ouro destinadas a nossa gentil taba tupi.
Foi – está sendo – insuportável tentar ouvir as transmissões da Globo, nas quais pontifica o puxa-saco-mor da República, Galvão Bueno, a vomitar uma bobagem atrás da outra. Ele e a maioria dos deslumbrados jornalistas em Pequim são nada éticos no exercício profissional, não passam de patriotas de arquibancada, que cantam nossas virtudes, prometem o que os atletas não podem cumprir e depois, “decepcionados”, dizem que valeu o esforço, afinal nossos “meninos e meninas” são uns heróis, nem têm o que comer, andam de ônibus.
Verdade em parte, como no caso do judoca Eduardo, que não tinha grana nem pra pagar o exame de faixa preta (que é bem caro, diga-se). Mas a grande maioria integra uma elite com o qual nem sonham os atletas que aqui ralam. Os heróis treinam no exterior, vivem bem, são preparados. Ou alguém acha que Cielo treina na piscina da União Desportiva e Recreativa de Santa Bárbara D´Oeste? Nem se fale aqui do pessoal do futebol, pois todos os que foram à China, mesmo os mais novinhos, são, antes de qualquer coisa, homens ricos. Em dinheiro, não em espírito, por óbvio.
Nossa imprensa nessa Olimpíada tem sido tão canalha que é até capaz de secar nossas últimas chances de medalha - na vela, no vôlei, no atletismo, o sonhado ouro no futebol feminino, defendido nesta quinta-feira com graça e vigor por mulheres que, sim, são heroínas em tudo e por tudo.
Nesta sexta, obviamente, já sabemos o resultado da final. Mas sabemos, sobretudo, que aquelas mulheres não correram por patriotismo, pois a pátria de chuteiras as mantém abandonadas desde sempre. Correram em nome do esporte que praticam com tanta arte e valentia, correram por elas e pela cicatriz prateada da Olimpíada de Atenas, correram por nós que as amamos sejam quais forem seus resultados mundo afora.
Nós, aqui, aplaudimos Marta, Phelps, Bout, Shawn, Fabiana Murer e a russa de nome estranho que promete chegar ao céu. Nós aplaudimos Scheidt e os chineses da ginástica, Maurren e os cubanos do boxe, Rodrigo e todos os ciclistas. E assim por diante.
Que fique o patriotismo por conta de Galvão e seus sequazes.
Em tempo: nossa goleira está desempregada.
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Jorge Eduardo França Mosquera, jornalista em Curitiba.


quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Vanessa Lima, uma miss deficiente auditiva


Os princípios psicológicos da brincadeira pré-escolar

Que tipo de atividade é caracterizado por uma estrutura tal que o motivo está no próprio processo? Ela nada mais é que a atividade comumente chamada "brincadeira".
Nós já encontramos atividades lúdicas em certos animais superiores, mas o brinquedo infantil, mesmo em uma idade precoce, não se parece com o dos animais. No que consiste a diferença específica entre a atividade lúdica dos animais e o brinquedo infantil, cujas formas rudimentares nós observamos pela primeira vez na criança, no período pré-escolar? Esta diferença reside no fato de que a brincadeira da criança não é instintiva, mas precisamente humana, atividade objetiva, que, por constituir a base da percepção que a criança tem do mundo dos objetos humanos, determina o conteúdo de suas brincadeiras. É isso também que, em primeiro lugar, distingue a atividade lúdica da criança da dos animais.
No período pré-escolar da vida de uma criança, o desenvolvimento das brincadeiras é um processo secundário, redundante e dependente, enquanto a moldagem da atividade-fim que não é uma brincadeira constitui a linha principal do desenvolvimento. Durante o desenvolvimento ulterior, todavia, e precisamente na transição para o estágio relacionado com o período pré-escolar da infância, a relação entre a brincadeira e as atividades que satisfazem os motivos não-lúdicos torna-se diferente-eles trocam de lugar, por assim dizer. O brinquedo torna-se agora o tipo principal de atividade.
Alexis N. Leontiev. In: Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem - L. Vigostskii

domingo, 10 de agosto de 2008

QUEM FOI FREINET ?

Célestin Freinet nasceu em 15 de outubro de 1896, no sul da França, num vilarejo chamado Gars, situado nos Alpes Marítimos. Passou a infância como pastor de rebanhos, na Provença. Estudou na escola normal de Nice. Com o início da guerra, em 1914, Freinet interrompeu seus estudos. Alistou-se e, ao participar dos combates, sofreu as ações de gases tóxicos, que comprometeram seus pulmões. Mesmo passando anos de hospital em hospital com poucas esperanças de cura, ele não se deixou levar pelo pessimismo e pelo desânimo. Freinet realmente não se abateu. Decidido, sabia o que seria: professor primário, trabalharia muito, viveria e deixaria para trás a solidão e o desespero que a sua saúde abalada poderia trazer.
Em 1920, na pequena aldeia de Bar-sur-Loup, Freinet iniciou seu trabalho, numa escola instalada numa casa antiga, pobre e escura, que tinha as carteiras em muito mau estado, dispostas em filas, à maneira tradicional.
Faltava a Freinet a experiência pedagógica, pois não havia terminado o curso normal por causa da guerra. Todavia, trazia consigo um profundo respeito pela criança e também o instinto de pastor que provinha de sua infância. Recomeçou então a estudar sozinho. Diariamente anotava aquilo que ouvia de seus alunos, registrava as observações que considerava originais, o comportamento de cada criança perante as novas situações, seus sucessos e fracassos...Com isso foi descobrindo os interesses, os problemas e a personalidade de cada criança, individualmente, a qual passava a ser objeto de seu carinho e preocupação. Essas descobertas, essencialmente práticas, avivaram a sua curiosidade e seu desejo de saber mais sobre educação. Passou a se interessar por Rousseau, Rabelais, Montaigne e, sobretudo, por Pestalozzi, lendo as obras desses autores com vivo interesse. Assim, pôde prestar o exame que o habilitou a exercer a função de professor.
ROSA MARIA WHITAKER E FERREIRA SAMPAIO
FREINET - Evolução histórica e atualidades
Editora Scipione