sempre me perguntam, como os cegos formam conceitos, sem nunca ter visto algo. Existem várias formas, respondo, entre elas, segue uma explicação Vigotskiana.
(...) "Vale ressaltar que a relação entre o sujeito e o contexto se dá de maneira interdependente, dialética e contraditória, estando a apropriação dos significados subordinada aos contextos determinados, às atividades e à participação dos sujeitos" (Autismo, linguagem e educação, 2 edição, Wak editora, Sílvia Ester Orrú).
Vygotski (1987), em sua investigação, divide o processo de formação de conceitos em três etapas.
- A primeira é por ele denominada de "conglomerado vago e sincrético de objetos isolados." O sujeito estabelece elos subjetivos com elos reais entre os objetos. Tais objetos são agrupados a partir do significado de uma palavra que, mesmo refletindo elos objetivos com as coisas nomeadas, refletem igualmente elos causais referentes às impressões subjetivas e às percepções próprias do sujeito.
- Segunda etapa, "pensamento por complexos", dá-se quando os objetos isolados se associam na mente do indivíduo, em razão das impressões subjetivas ocorridas ao acaso, como também em razão das relações que realmente existem entre eles, sendo obrigatoriamente concretos e baseados em fatos.
- A terceira etapa, "pensamento por conceitos", ocorre quando o indivíduo tem a capacidade da abstração e do isolamento de elementos que fazem parte de sua experiência, resumindo-os de maneira abstrata para sua utilização instrumental em outros contextos concretos. Esse conteúdo presente nas experiências pode iniciar sua organização de forma abstrata, sem relacionar-se a impressões ou circunstâncias concretas.