(...) O filósofo Wittgenstein distinguiu dois métodos de comunicação e representação: "dizer" e "mostrar". Dizer, no sentido de fazer uma proposição, é afirmativo e requer uma estreita associação da estrutura lógica e sintática com o que está sendo afirmado. Mostrar não é afirmativo; apresenta afirmações diretamente, de um modo não simbólico, mas, como Wittgenstein foi obrigado a admitir, não possui uma gramática ou estrutura sintática básica. (Alguns anos depois de o Tractatus de Wittgenstein ter sido publicado, seu amigo Piero Straffa fez um gesto ao estalar os dedos e perguntou: "Qual é a estrutura lógica disso?" Wittgenstein não soube responder.)
Assim como Noam Chomsky revolucionou o estudo da linguagem, Stephen Kosslyn revolucionou o estudo da imagética, e enquanto Wittgenstein escreve sobre "dizer" e "mostrar", Kosslyn fala em modos de representação "descritivos" e "figurativos". Ambos estão disponíveis ao cérebro normal e são complementares, permitindo que usemos ora um, ora outro, e frequentemente os dois juntos (...)
Do livro: O olhar da mente, de Oliver Sacks, 2010.
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