Campinas tem um trabalho com alunos deficientes na rede municipal desde 1990 após Constituição Federal de 1988 que colocava como ponto “ educação é direito de todos”.
Neste inicio começou de uma forma simples com poucos alunos espalhados pelas escolas do infantil e fundamental , com apenas um professor de educação especial mediador e orientador .
A partir de 1990 um grupo de 5 profissionais da área , ingressantes no concurso público para o ensino regular, mas com graduação em educação especial ,apresentaram um projeto de orientação as escolas que na época já apresentavam um número maior de alunos.Este projeto passou a ser programa e com isto aumentando o número de profissionais .Em 1999 houve uma conquista de cargos públicos em educação especial , 200 no total, e em 2000 ocorre o primeiro concurso público efetivando 126 profissionais das mais variadas habilitações.
Atualmente estamos com 146 professores com formação em educação especial , sendo 132 efetivas e o restante contratadas.
Nossa rede é composta de 205 escolas entre fundamental e infantil e estamos com 1.230 alunos deficientes nestas 205 escolas, contamos com salas de recursos em deficiente auditivo , visuais e múltipla deficiência.
De 2005 para frente começamos a observar um ingresso maior de transtornos invasivos do desenvolvimento devido uma reorganização de verbas da Ação Social para com as entidades , quanto mais alunos incluídos nas escolas regulares mais verbas receberiam.
Com esta nova proposta o ingresso de alunos com transtornos invasivos triplicou frente ao que tínhamos, chegando hoje a um total de 28 alunos com diagnóstico e outros em processo de avaliação .
Estes números e a complexidade dos casos nos fez buscar recursos e conhecimentos pontuais para realizar um trabalho de qualidade e com a perspectiva deste aluno na escola regular, encontramos um referencial de trabalho com transtornos invasivos do desenvolvimento na rede pública de Belo Horizonte no núcleo de inclusão de Autismo, na pessoa do prof. Odilon Marciano da Mata, no qual já realizou duas formações em Campinas com resultados muito bons .
Transtornos invasivos do desenvolvimento é um quadro que nos desafia muito devido a complexidade , mas quando observamos que existe uma forma de trabalho, uma rotina , que este aluno necessita muitas vezes de um colaborador para realizar a antecipação , nos faz ver que muitas exclusões dos espaços escolares é feita pelos profissionais , por desconhecer um trabalho , não buscar formação adequada.
Os debates nos espaços escolares hoje ressalta o conteúdo formal sempre em primeiro lugar , e estes alunos trazem como características do próprio transtorno dificuldades de comunicação , dificuldades de socializar , estereotipias , rotina constante, faz com que seja um desafio estarem entre alunos normais e algumas vezes o conteúdo funcional será trabalhado em primeiro lugar, e este entendimento para escola muitas vezes é difícil.
Já obtivemos muito sucesso com alunos que ingressaram nestes anos , síndrome de Asperger formando-se na 8ª série , autistas com 12 anos ingressantes com fralda e que agora já controlam esfíncter e fazem parte da escola na sua composição , nos programas , nos passeios ,no processo da escola.
Agora nos deparamos com quadros mais complexos, são síndromes diversas que trazem o autismo como mais um fator junto aos demais nesta criança , G. é um aluno com síndrome de Down surdo cego e autista, é um desafio , uma busca contínua de trabalho , de observação e entendimento das reações apresentadas , progressos já são observados tanto do aluno quanto da escola na leitura de seu significado , pois deixamos de ver apenas conteúdos formais para repensar conteúdos funcionais porque também faz parte da apropriação deste indivíduo , não só dele e sim de todos , precisamos rever os espaços educacionais , as propostas curriculares impostas e rever nossa prática docente, muitas vezes para não sermos nós profissionais da educação as maiores barreiras encontradas por este aluno.
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