domingo, 30 de novembro de 2008

MOVIMENTO

O movimento é biológico, é filosófico, é antropológio, o que é movimento?
A física clássica define-o como o "deslocamento de um corpo no espaço". Para a biologia o movimento é o resultado da atividade de trilhões de células que compõem os organismos vivos, entre os quais sobressai o homem. A filosofia define o movimento como a busca da superação ou da plenitude do "ser" humano. Movimento, sentimento, como separá-los?
Eu sinto com minha mente, movimento-me com meu corpo, e movimento-me com minha mente e sinto com meu corpo, assim não é possível separar essas estruturas e esses processos. Não posso falar do meu corpo para o meu corpo, sem ser o meu corpo.

De: "Pensando a educação motora."

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Semana de Arte na Escola Municipal Barão de Mauá

Sugestões e apoios são bem-vindos num local de estudos que precisa e forma parceiros
contatos: 41-3675-6462

Pobreza e exclusão - compreensão da deficiência

(...) Processos de exclusão social e econômica tendem a ser muito mais violentos e traumáticos do que situações de inclusão limitada. A Argentina, uma sociedade moderna e razoavelmente rica, com o sistema de bem-estar social bem desenvolvido, que foi destruída ao longo dos anos, culminando em um quadro de desemprego generalizado, perda de benefícios sociais e deslocamentos de grandes setores da população para abaixo da linha de opbreza. No caso de países andinos - Bolívia, Peru e Equador - nos quais através dos séculos, a populaçao natuva foi mantida fora dos benefícios da economia moderna.
Onde se situa o Brasil: próximo à Argentina ou aos países andinos? A análise histórica e a evidência empírica sugerem a segunda hipótese. Historicamente, o Brasil se desenvolveu através de um processo denominado "modernização conservadora", cuja característica principal é, precisamente, a não-incorporação de grandes segmentos da população aos setores modernos da economia, da sociedade e do sistema político."

De: SCHWARTZMAN, Simon. As causas da popreza. Rio de Janeiro, 2004.

E isso compreende também a deficiência, a permanente exclusão de uma parcela do Brasil que atinge números assustadores de 14,5% da população. A inclusão escolar é um grande caminho para diminuir esta exclusão.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Rubem Alves, Massa e nossos corpos.

Lendo algumas pérolas do Rubem Alves e acompanhando o vice-campeonato do Felipe Massa, fiquei lembrando dos meus tempos de acadêmico de Educação Física. Não sei por quê, mas dos tempos da Fisioterapia as lembranças são poucas. Pois bem, recordo-me que as nossas avaliações eram quase exclusivamente provas motoras e físicas. Tínhamos de provar aos professores e colegas a nossa capacidade de superação. Ainda bem que, em parte, os atuais currículos mudaram.
Talvez os exageros da imprensa com o Massa tenham sido os responsáveis dessas lembranças. O Brasil todo querendo que o Massa seja um campeão. Por apenas um ponto, nosso atleta merecia o campeonato, comentaram os mais globais. Todos sofreram com esse resultado, da mesma forma que a família do maratonista brasileiro que morreu correndo na última Maratona de Nova York. Uma morte cujas causas desconheço, mas freqüentemente são as mesmas na maioria destes casos.
Marx tinha razão: o capitalismo é uma educação do corpo. Somos ensinados e educados a sermos os vencedores, mesmo que custe a própria vida. Rubem Alves já dizia que nossos corpos foram ensinados a esquecer todos os sentidos eróticos, imbricados no local de um sentido apenas: o sentido de posse. Conclui ele: onde se encontra o departamento dos nossos sentidos eróticos?
E foi assim que percebi, neste último final de semana, com um pouco de inveja e de pena, as perdas que o Massa estava sentindo. Acho que ele nem sabe muito bem os valores do que está acontecendo com seu corpo. Da mesma forma que um atleta não percebe os excessos de esforço que faz para terminar uma prova e mostrar para os seus pares o quanto o seu corpo é desejado. Custei muito para aprender, que não foi nos bancos escolares, lógico, que o corpo precisa ser reconciliado com seu tempo e espaço. Preciso, antes de mais nada, aprender a dormir bem, aproveitar meu ócio, dar ao corpo o prazer do sentido erótico e sensorial.
Quantos atleticanos e paranistas estão deixando de dormir pelo quase rebaixamento de seus clubes? Quantos atletas deixam de dormir bem por causa do nervosismo? Lógico que não estou contra-indicando a prática de esportes, nem mesmo a participação em competições, sejam elas na prática ou mesmo assistindo. Apenas reflito sobre um assunto que nem sempre é discutido na sua plenitude. Os corpos precisam ser “trabalhados”, mexidos e exercitados para o bem-estar, para um fortalecimento do espírito e dos músculos. Nada mais.
Quando se percebe que as respostas a esses esforços contrariam seus ritmos biológicos – insônia, dores musculares, mau humor –, é o momento de refletir sobre os motivos que estão proporcionando esta fuga da essência do homem. Acabamos sempre deixando esse controle e “supervisão” por conta dos especialistas - médicos, treinadores, nutricionistas e tantos outros - e acabamos esquecendo que ninguém conhece melhor os nossos corpos que nós mesmos.
Dicas de alguns procedimentos não atrapalham ninguém, mas a resposta final é de responsabilidade de cada um de nós. Com essa busca meditativa, podemos chegar mais próximos do que alguns consideram como o Nirvana. Outros já chamam de paz espiritual. Para a maioria, ela é conhecida como “estar bem consigo mesmo”. Acho que esse é o caminho.


Matéria publicada no Jornal do Estado dia 07/11/2008